O número da besta se manifestou na cotação do dólar de hoje, confirmando a previsão de agentes do mercado: Lula é o novo anticristo e a falta de austeridade em seu pacote de ajustes é um anúncio do apocalipse fiscal que se avizinha. Segundo Pavão Misterioso, um membro do chamado “grupo dos malucos” consultado pela coluna, “isentões biografados gozam de assiduidade Precoce enquanto mordem fronhas nas Telas”, o que foi traduzido por intérpretes fluentes no dialeto telegram-whatsapp como uma profecia sobre Lula ser o demônio do comunismo ou algo assim.

A desvalorização crescente do real vem tirando o sono de especuladores e editorialistas de jornalão. Roberto Cusão, sócio da XPTO investimentos, avalia que a alta do dólar levará a uma provável piora na qualidade do apocalipse nacional, que já vem deixando a desejar com relação a rivais na própria América Latina. “Olha o que o Milei anda fazendo lá na Argentina, é um verdadeiro milagre pra atrair investimentos desses setores mais interessados no mercado do juízo final”, argumentou Cusão para a coluna, em referência ao aumento da pobreza no país, que já vem sendo elogiado na imprensa brasileira. “Falta visão global aqui. Um apocalipse, mesmo um de terceiro mundo, tem que ter pelo menos dois ou três dos quatro cavaleiros, e a Fome já não quer saber da gente”, seguiu delirando o empresário, “apesar do trabalho sério do Temer e do Bolsonaro, que tinham trazido o país de volta pro mapa da fome”. “Daí tentamos o golpe, né, pra articular com os militares um plano de atrair a Guerra, mas mesmo dando errado ainda tem a PM pra seguir matando pobre na guerra às drogas, pelo menos”, ponderou Cusão pouco antes de mais uma overdose de cocaína.

O economista Samuel Lisboa defendeu, em conversa recente com investidores, que a trajetória de privatizações bem-sucedidas do governo de SP pode servir de inspiração para projetos mais ousados envolvendo o fim do SUS, o que seria uma forma de tornar o país mais atrativo para o mercado da Peste. “Critiquem Bolsonaro à vontade, mas essa visão ele teve lá atrás, com a condução da pandemia”, concluiu Pessoa.